SUCESSO E VARIEDADE
Os maracatus, seja do tipo nação, seja de orquestra, vivem sua época áurea. Há discos nas lojas, trajes como o do caboclo de lança são vendidos no carnaval, há páginas e mais páginas sobre o ritmo na internet. Hoje fazem parte da abertura oficial do carnaval recifense, em uma cerimônia na qual ocorre a entrega das chaves pelo prefeito para o rei momo e a rainha do carnaval, em pleno coração da parte antiga da cidade: o Marco Zero. Pelo menos seis maracatus-nação gravaram seus CDs: Estrela Brilhante do Recife, Porto Rico do Pina, Cambinda Estrela, Encanto da Alegria, Leão Coroado e Estrela Brilhante de Igarassu. Quanto aos de orquestra, Cruzeiro do Forte, mestre Barachinha e mestre João Paulo já gravaram, entre outros. Também os gravou mestre Salustiano, com a presença de músicos como Siba e sua banda Mestre Ambrósio. Salustiano ainda colaborou para popularizar outros ritmos, como o cavalo-marinho, o coco e o forró.
Atualmente existem mais de 30 grupos de maracatus-nação filiados à Federação Carnavalesca e pelo menos 20 disputam o concurso de agremiações nos oito últimos anos – até a década de 1980, não desfilavam mais do que sete grupos. Katarina Real, antropóloga estadunidense, afirma na obra O Folclore no Carnaval do Recife que existiam entre os anos 1961 e 1966 apenas cinco grupos.
Hoje, além dos denominados, por alguns estudiosos e folcloristas, como tradicionais, há diversos considerados “estilizados” ou “parafolclóricos”. Ao contrário dos tradicionais, reproduzem apenas partes das nações de maracatu, a exemplo de seu conjunto musical e alguns personagens do cortejo. Muitos, no entanto, restringem-se à percussão.
ACEITAÇÃO
Nas décadas de 1950 e 1960, o maracatu de baque virado obteve certa aceitação social, alçado à condição de parte da nossa tradição africana, componente da teoria do Brasil mestiço, formado pelas três raças, dando suporte ao mito da democracia racial. O maracatu de orquestra foi considerado como uma deturpação, uma descaracterização do modelo tradicional, o baque virado. Foi criticado e mesmo perseguido até os anos 1970, quando chegou a ser proibido de desfilar na passarela oficial da cidade durante o carnaval de 1976. Os maracatus de orquestra só adquiriram visibilidade e sucesso nos anos 1990, muito graças à influência de seu resgate pelos jovens sintonizados à cultura pop da época, organizadores do famoso Mangue Beat (veja o quadro “Ícones pop”).
Os maracatus, tanto os de orquestra como os do tipo nação, constituem atualmente um importante símbolo da identidade pernambucana. Sofreu até mesmo uma espécie de desafricanização: um “embranquecimento”. Esse processo histórico acelerou-se nos últimos anos, conferindo-lhe um caráter mais voltado para o espetáculo, vinculado ao turismo e ao mercado de world music. Afora isso, os maracatus hoje são vistos como autêntica cultura pernambucana. É difícil imaginar que até há pouco tempo, sobretudo nos anos 1980, eram rejeitados e marginalizados por uma sociedade consumista e preconceituosa. É parte dessa mesma sociedade que valoriza e se orgulha dos maracatus produzidos em Pernambuco no século 21.
FONTE:http://www.desvendandoahistoria.com.br
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